Por trás das lentes do Gal, feito em colaboração com a Haight, vemos Bela Ciavatta. A cantora, compositora e percussionista carioca tem o carnaval pulsante no corpo e a voz serena que ecoa sua arte em tom de poesia. Suas inspirações passam pelas raízes da cultura brasileira, das Catadoras de Mangaba do Sergipe à Marília Mendonça. A capacidade dessas mulheres de ampliar visões e renovar a forma de enxergar a vida, é o que as torna tão especiais para Bela.
E essas inspirações parecem ainda mais potentes quando as colocamos em perspectiva temporal, levando em consideração o peso atribuído a quem está à frente do tempo. “Eu sempre penso que a mudança no mundo precisa de coragem. Acho que isso não falta nós mulheres. Quando alguém enxerga a possibilidade de um caminho que a gente ainda não enxergou, é assim que a mudança acontece”, conta, acrescentando o nome Dona Ivone Lara à narrativa, e a sua luta para ser reconhecida como uma compositora de samba há mais de 80 anos.
O efeito feminino na vida e na arte de Bela se traduz também na capacidade de mudar de perspectiva. “A gente tem uma referência no mundo pautado masculino doente, e mulher para mim é curar essas feridas e olhar de uma maneira mais generosa para a vida. Por isso é sempre muito fundamental estar rodeada de mulheres para mim.”